Deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara percorreram algum tempo atrás asilos do País e constataram que idosos vivem em situação de abandono e sem tratamento adequado nessas instituições.
Acomodações inadequadas e falta de atendimento médico e psicológico foram alguns dos problemas que os deputados encontraram em asilos de São Paulo, Rio, Recife e Curitiba. Depois de uma semana de visitas, a constatação da Comissão é que os asilos brasileiros condenam o idoso ao mais completo e cruel abandono.
"O que nós estamos assistindo no Brasil é um padrão de internação, de asilamento desqualificado, onde muitas vezes esses idosos estão numa situação de abandono, seja familiar, ou até nas próprias instituições. Eles ficam, rigorosamente, aguardando a morte em silencio".
Confira vídeo Curta Criativo, do concurso de curtas-metragens do Sistema FIRJAN que tem por objetivo incentivar os novos talentos criativos da indústria do cinema. O filme "A Velha Verdade" foi o 2º lugar da categoria animação do Curta Criativo 2008. Baseado na realidade brasileira vivida pelos idosos,. O filme mostra a situação de abandono e descaso com aqueles que já produziram muito para a sociedade. O filme se passa numa praça do Rio de Janeiro e ao longo de um dia a realidade se mostra mais dura do que se parece.
Jaime Luiz Cunha de Souza, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Pará, conta: "Eu estava chegando em casa e meus familiares assistiam ao filme Um homem chamado cavalo. Em uma determinada cena, uma mulher idosa era jogada pra fora da tenda porque não tinha nenhum guerreiro que fosse seu marido e ela não teria como sobreviver só. Então, era atirada para a morte. Era a forma como aquela sociedade descartava os indivíduos considerados inúteis, que não tinham determinado papel dentro daquele grupo social.
Começamos a discutir sobre o absurdo daquela situação. Até que, em um momento de reflexão, pensei: será que fazemos diferente?".
Foi a partir dessa reflexão que Jaime resolveu investigar o tema da velhice. Seus estudos resultaram na dissertação de mestrado. "Do exílio da sociedade a sociedade do asilo". O trabalho consiste em uma análise da trajetória do idoso até o isolamento.
“Quando chega um determinado momento, o indivíduo vai perdendo seus papéis sociais e o trabalho não o aceita mais. Se nessa esfera não é aceito, ele também começa a perder o seu papel no âmbito familiar. O indivíduo começa a ser considerado inútil, um incômodo. Então, ele vai ser descartado em algum lugar", explica.
O pior é que essa realidade chega cada vez mais cedo pra muita gente. A idade cronológica não é mais considerada um referencial seguro porque as modificações no mundo do trabalho e da tecnologia produzem uma série de exclusões que levam as pessoas à condição de "velho" precocemente. Esse processo não leva em consideração sua experiência e, principalmente, que o envelhecimento é um processo natural.
Confira video SBT – Repórter Daniela Azeredo: Matéria abandono de idosos
O momento em que Jaime se interessou pela questão do idoso coincidiu com a época em que o asilo Dom Macedo Costa, em Belém do Pará, começou a ser desativado. Ele resolveu, então, se aproximar do local para analisar uma série de questões. "Queria saber quem era aquele interno, porque ele estava lá. Era a única alternativa? A única alternativa para ele ou para a família?" O processo de decadência culminou com a transferência dos idosos para outras unidades de atendimento.
O estudo aponta que a trajetória até o asilo tem uma única causa: a rejeição. Essa rejeição tem várias motivações: a falta de tempo, as condições da vida moderna. "Na verdade, existe uma série de coisas que podem servir como tentativa de justificativa. Mas o que acontece é um individualismo exacerbado, prejudicando quem não representa mais o paradigma de indivíduo proposto pela sociedade", diz o professor.
O abandono é uma queixa muito freqüente nesses casos. Filhos e parentes deixam o idoso no asilo e passam anos sem visitá-lo. O pesquisador lembra que um dos casos mais marcantes foi o de uma senhora deixada no local pelo filho, com a promessa de que ficaria lá por quinze dias. A justificativa era uma reforma na casa da família, que poderia ser prejudicial à saúde da idosa. Passaram-se nove anos até o dia da entrevista e ela ainda aguardava o dia de voltar pra casa.
Muitas mulheres entrevistadas nasceram no interior do Estado e se encaminharam para a capital em busca de trabalho. Elas se empregaram como domésticas em residências de Belém e ficaram a vida toda na casa de uma mesma família. Depois de ajudar na criação de filhos e netos, chegou a velhice e, então, essas pessoas não tinham mais condições de arcar com os afazeres domésticos, sendo encaminhadas para o asilo. A essa altura é muito comum que elas não mantenham seus laços familiares originais.
"A sociedade esconde o idoso porque na verdade não consegue se ver no idoso. É como se ela estivesse rejeitando aquilo que ela é. Ele representa uma parte dela não aceita. E o pior é que muitas vezes isso envolve agressão. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais fez um estudo sobre a violência e viu que cerca de 650 mil idosos são agredidos a cada ano", avalia o pesquisador.
Segundo Jaime, apesar de seu papel desconstrutor, o asilo faz emergir a possibilidade de reconstrução de um novo mundo social para o idoso. Porém, isso acontece em uma dimensão mais restrita. "Eles encontram formas de se relacionar, de ter amizades, namoros, como inimizades também. Não podemos dizer que eles têm uma vida social comum porque é como se vivessem num mundo paralelo. Você tem uma vida, mas não é a que tinha antes. Por isso escolhi esse título para a dissertação. É como se eles fossem exilados para outro local, de costumes estranhos, pessoas estranhas... Então, precisam se readaptar", conclui.
Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje são mais de 14,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. Daqui a 25 anos, esse número deve dobrar. Serão cerca de 30 milhões de idosos vivendo no Brasil, quase a população atual do Estado de São Paulo. O envelhecimento da população brasileira em ritmo acelerado torna a questão dos idosos asilados ainda mais contraditória.
Confira vídeo do Jornal da Record: Histórias de abandono são comuns no Asilo São João Bosco. Há 86 anos a instituição cuida dos idosos de todas as formas. Remédios, roupas, alimentação e carinho. O que falta da família, eles tentam compensar.
O abandono do idoso em asilos foi tipificado como crime, com detenção de até três anos, mas não há muita divulgação, nem respeito à nova lei que foi sancionada em outubro de 2009.
Segundo o Conselho Nacional de Direitos do Idoso, aproximadamente 15 milhões de brasileiros, a população com mais de 60 anos, serão beneficiados pela nova lei.
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Saiba mais:
www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/.../conselho/idoso/
Tenho consciência que todos nós devemos fazer algo para alterar a situação dos idosos em nosso país. Porém, acho divertido quando os políticos resolvem fazer "gênero preocupado"! A maioria - e não todos! - do poder legislativo, executivo e judiciário são absolutamente apaixonados pelos próprios umbigos.Se não fosse assim, tenho certeza que nosso país seria justo com os menos favorecidos, incluindo idosos, crianças,usuários do serviço público, etc...
ResponderExcluirAbraços,
Michel Scheir
Angela disse...
ResponderExcluirSeria comico se não fosse tragico. Não podemos achar 'divertido' essas atitudes, e sim combatê-las, sistematicamente, em busca de um melhor atendimento aos cidadaões brasileiros, de todas as idades...
Muito bom o artigo...
ResponderExcluirEu estava realizando um trabalho de pesquisa para a faculdade quando me deparei com essas reportagens, é chocante.
Se a família é o meio natural da inserção do ser humano, porque essas contradiçoes?
encontrei tudo
ResponderExcluirque presisava para
a pasquisa da facul.
adorei
d+
To aqui fazendo meu pre-projeto para o Estagio Basico de Psicologia e encontrei seu blog...adorei a reportagem, precisamos jaudar nossos idosos de todas as formas...parabens pela reportagem.
ResponderExcluirAbraço
sou contra este tipo de negocio,pois faço enfermagem e o idoso me parece que tem uma essencia de saber inesplicavel, fico tao triste com tudo isto e veja bem no brasil?
ResponderExcluirParabéns pelo artigo. É realmente uma realidade triste. Há pouco tempo comecei um trabalho voluntário num asilo de SP. Tem sido tão incrível que decidi criar um site para relatar as experiências de convívio com os idosos.
ResponderExcluirhttp://www.pesfabulosos.com/#!home/mainPage
Estava pensando em fazer trabalho voluntáruo e pensei nos asilos. Realmente parece ser um luqar onde precisam muito de carinho. Fiquei chocado om a senhora que foi abandonada ha 9 anos. Acredito que poucos de 19 anos como eu tenham interesse em trabalhar com idosos, mas tenho certeza que se conhecessem essa realidade mudariam de opinião. Parabéns pelo post, me ajudou a ver que eu olhava na direção certa.
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