sábado, 3 de julho de 2010

FILME "FLOR DO DESERTO" MOSTRA HISTÓRIA REAL DE MODELO SOMALI

Todos os anos, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), por volta de 3 milhões de meninas são vítimas de mutilação genital. A modelo somali WARIS DIRIE foi uma delas. No apogeu de sua carreira, ela chocou a opinião pública com a revelação de que fora circuncidada quando menina.

Desde que Dirie quebrou o tabu do silêncio, ela escreveu vários livros sobre sua vida, iniciando uma luta contra a circuncisão feminina. O livro “ Flor do Deserto” já vendeu mais de 11 milhões de cópias e sua filmagem representou a Alemanha no último Festival de Cinema de Veneza.


Confira vídeo em inglês sobre a excepcional história de Waris Dirie
- a partir de uma vida nômade na Somália para uma carreira como uma supermodelo -, mas sua mensagem é universal. "Flor do Deserto", o filme baseado em sua autobiografia, é um protesto poderoso contra a mutilação genital feminina, uma prática comum na África e em outras partes do mundo. Antes do Dia Internacional da Mulher, Dirie e atriz-modelo Liya Kebede falaram a AFPTV.



Dirie foi uma dos 12 filhos de uma família nômade da Somália. Aos 13 anos escapou de ser vendida como esposa para um homem de 60 anos, por cinco camelos. Após fugir para Mogadíscio, seguiu para Londres, acompanhando seu tio diplomata.

Como autodidata, ela aprendeu a ler e a escrever. Ao ser descoberta por um fotógrafo para uma campanha da cadeia McDonald's, cinco anos mais tarde, Dirie ganhou fama mundial.

Na película, a vida da pequena pastora de ovelhas no seio da família nômade somali-muçulmana aparece primeiramente como um paraíso romântico africano. Após um salto de muitos anos no tempo, ela é mostrada perambulando sem-teto pelas ruas de Londres, trabalhando como faxineira até ser descoberta por um fotógrafo famoso.

Cenas de sua meteórica carreira de modelo são alternadas com flashbacks de seu passado traumático e sangrento. Hormann afirmou que o que lhe interessou na história de Dirie foi o fato de "não ser uma vítima". "Ela está atuante até hoje", observa a diretora.

COMO OCORRE A MUTILAÇÃO:

As histórias são parecidas: sem aviso, as meninas são levadas pelas mães a um local ermo, onde encontram uma espécie de parteira que as espera com uma navalha. Sem qualquer anestesia ou assepsia, a mulher abre as pernas das garotas - muitas vezes, crianças de menos de dez anos - e corta a região genital, num procedimento que varia da retirada do clitóris ao corte dos grandes lábios e à infibulação (fechamento parcial do orifício genital).

Com Waris Dirie não foi diferente. "Desmaiei muitas vezes. É impossível descrever a dor que se sente", disse em entrevista a hoje modelo e ativista contra a mutilação genital feminina.

"É uma vergonha que uma tortura bárbara, cruel e inútil continue a existir no século XXI". Dirie diz que sempre sentiu que aquilo não estava certo e quando se tornou uma 'supermodelo' pode começar a luta contra a prática. Aos 45 anos, ela é fundadora de uma organização que leva seu nome e embaixadora da ONU contra a mutilação feminina.

Ela mora com a família em uma casa alugada na Etiópia e disse que está tentando convencer a cunhada a não circuncisar as filhas. "Estou confrontando a mutilação na minha própria família. Meu irmão tem seis meninas, todas menores de idade e que vivem no deserto. Minha cunhada quer mutilá-las. Por causa disso eu estou tentando trazer as meninas para um lugar seguro. Isso tira meu sono todas as noites."

A MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA (sigla MGF), termo que descreve esse ato com maior exatidão, é vulgarmente conhecida por excisão feminina ou Circuncisão Feminina. É uma pratica realizada em vários países principalmente da África, e da Ásia, que consiste na amputação do clitóris da mulher de modo a que esta não possa sentir prazer durante o ato sexual.

Embora acredita-se que esta prática seja muçulmana, em nada está fundamentada religiosamente, tendo em vista de que os hadices em que tentam conectar a prática ao Islão são fracos, sendo assim, esta prática não é adotada nos países onde a sharia é fortemente estudada.

Esta prática não tem nada em comum com a Circuncisão Masculina. Segundo essa tradição, pais bem intencionados providenciam a remoção do clítoris das suas filhas pré-adolescentes, e até mesmo dos lábios vaginais. Há uma outra forma de mutilação genital chamada de infibulação, que consiste na costura dos lábios vaginais ou do clítoris.

A circuncisão feminina é um termo que se associa a um determinado número de práticas incidentes sobre os genitais femininos e que têm uma origem de ordem cultural e não de ordem medicinal. É uma prática muito frequente em certas partes da África e é praticada também na Península Arábica e em zonas da Ásia. A prática da circuncisão feminina é rejeitada pela civilização ocidental. É considerada uma forma inaceitável e ilegal da modificação do corpo infligida àqueles que são demasiado novos ou inconscientes para tomar uma escolha informada. É também chamada de mutilação genital feminina. A circuncisão feminina elimina o prazer sexual da mulher. A sua prática acarreta sérios riscos de saúde para a mulher, e é muito dolorosa, por vezes de forma permanente.

No primeiro mundo a circuncisão feminina é praticada por médicos, que trabalham com anestesia. Ela foi mais aplicada no século 19, em especial até os anos 1960 nos EUA e outros países, principalmente para podar clitóris ou lábios grandes. Achava-se que os órgãos grandes e muitas vezes saindo dos lábios maiores são muito feios e que tais meninas teriam uma maior tendência para tornarem-se prostitutas.


Confira excelente vídeo da ADDHUPelo fim da mutilação genital feminina



Se você gostou dessa postagem, leia mais:

02/07/10 - Crueldade com animais: cavalo queimado vivo
08/06/10 - O massacre de golfinhos no mar do Japão
25/10/10 - Os desvios da ajuda humanitária à África


Saiba mais:

www.waris-dirie-foundation.com
http://www.endfgm.eu/en
www.addhu.org

6 comentários:

  1. Acabei de ver a " Flor do Deserto " e ainda estou " dormente" porque não sabia ao certo do que se tratava... achei bárbaro...
    Como é possivel tal coisa ainda existir neste século, dói-me do fundo do meu coração só de imaginar que neste momento pode estar uma criança a ser mutiladada. Não se trata de uma crime ou de um acidente , que tantas vezes vemos nas noticias ou num jornal, e ficamos indiferentes , trata-se de um crime consentido por um pai e uma mãe, e fazem este crime tantas vezes quantas forem as filhas , uma após uma ...
    Este mundo precisa de evoluir , e isto implica mudar tradiçoes , mentes e culturas , se um dia tiveram um principio ,tambem teem de ter um fim . Obrigada !

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  2. Se as mães sofrem esse mal, sabem como é e o que sentem, porque subimetem suas filhas a isso também?

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  3. È impossível dimensionar essa barbaridade até se ver as fotos dessa prática. Isso é tão abusurdo, que sequer conseguimos imaginar o que de fato ocorre com o corpo feminino e como as mulheres sobrevivem, física e emocionalmente, a este horror. Estou em choque!!!

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  4. Assisti ao filme indicado por uma amiga e fiquei chocada.
    Gostaria de sua permição para indicar esta postagem em meu blog que é acessado principalmente por mulheres,creio que há a necessidade de se divulgar isso, não tinha ideia que isso ainda ocorria nos dias de hoje!
    A essas mulheres devemos como seres humanos toda solidariedade!

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  5. Acabei agora de ver uma reportegem e estou completamente chocada ... tentei procurar mais mas nao consigo , e uma tecnica demasiado violenta para qualquer ser humano , e mesmo muito duro ver e saber que hoje em dia estas coisas ainda exixstem

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  6. Ontem eu assisti o filme Flor do Deserto; ja havia assisto no Globo Reporter ha muito tempo atras, fiquei chocada, mas na epoca esqueci com o tempo.Quando eu retornei a essa realidade contada no filme de ontem na tv a cabo , me despertou uma revolta muito grande, parecia ser a 1ª vez que estava vendo esta crueldade.Me senti tao vazia , tao imperfeita humanamente que senti vontade de colaborar com este protesto. Esta pratica e tao desumana,um ato tao brutal. Como posso ajudar neste protesto? Por favor me envie respostas. Um grande abraço. SOU APENAS UMA DONA DE CASA, MAS ACIMA DE TUDO SOU MULHER E TENHO 2 FILHAS MARAVILHOSAS, EU FAÇO TUDO O POSSIVEL PARA APOIA-LAS.ESTOU ME SENTINDO UMA MAE ESTRANGEIRA DAS MENINAS AFRICANAS.DEUS ABENÇOE SUA VIDA. SEU BLOGGER É DE UMA PESSOA CORAJOSA.

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