Enquanto a população aumenta no mundo todo, necessitando cada vez mais de áreas para a agricultura e a pecuária, um sexto dessa gente já está sofrendo com as conseqüências da DESERTIFICAÇÃO.
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançará oficialmente no Brasil a Década sobre Desertos e de Combate à Desertificação, durante a abertura da segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas (Icid 2010), que será realizada em Fortaleza (Ceará) nos dias 16 a 20 de agosto.
O anúncio servirá como parte dos esforços para conter o acelerado processo de desertificação enfrentado por mais de 100 países e para mitigar os impactos do aquecimento global em regiões áridas e semiáridas do planeta. O lançamento global da Década será conduzido pelo secretário executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), Luc Gnacadja, na presença dos ministros do Meio Ambiente do Brasil, da Suíça, do Niger, de Burkina Faso, do Senegal e de Cabo Verde, além do governador do Ceará, Cid Gomes, do coordenador da Icid 2010, Antônio Rocha Magalhães, e diversas autoridades envolvidas na agenda de combate ao fenômeno climático.
"Será uma década de discussões, debates e buscas de soluções para os problemas enfrentados por muitos países no mundo", estimou Gnacadja. A Década das Nações Unidas sobre Desertos e de Combate à Desertificação pretende ser um marco de conscientização sobre as dimensões alarmantes da desertificação em todo planeta, e de cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e entre os setores público, privado e sociedade civil, na elaboração de políticas de prevenção e de adaptação às mudanças climáticas nas áreas consideradas de risco.
Confira vídeo "Explicando o Tempo" sobre Desertificação no Mundo e Brasil
A perda provocada pela degradação das terras chega a 466 milhões de dólares por ano, segundo cálculo do Núcleo Desert. Estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí revela que 15,7 milhões de pessoas são afetadas pela desertificação que ocorre no Nordeste. Pelo menos 1,3 milhões de pessoas vivem em regiões onde o processo de degradação do solo é considerado muito grave e a terra tornou-se praticamente improdutiva.
A área degradada, segundo o diagnóstico, é de 660 mil quilômetros quadrados. Isso significa mais do que os territórios da Alemanha e da Itália, juntos. O estudo é assinado pelo Núcleo Desert, centro ligado à universidade que reúne sociólogos, economistas, biólogos e geógrafos que analisam um problema cuja grande causa são os modelos de desenvolvimento do Nordeste.
Metodologia da pesquisa
Para chegar a esses números, o Núcleo desenvolveu uma metodologia com dezenove variáveis e cruzou dados físicos e socioeconômicos. Analisou, por exemplo, a densidade populacional, as formas de uso do solo, a utilização de herbicidas e os índices de salinização.
Através de uma projeção, feita com cálculos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ele estima em 466 milhões de dólares por ano a perda provocada pelo processo de desertificação no Nordeste. O custo anual de recuperação dessas áreas seria de 133 milhões de dólares.
A reversão do processo depende de esforços em várias pontas, dizem os técnicos. É preciso divulgar procedimentos adequados de manejo do solo, dar assistência técnica eficaz ao produtor e implantar programas de educação ambiental nas escolas.
Principais causas
A irrigação inadequada tornou estéreis 30% das áreas irrigadas no Nordeste. Joga-se muita água em solos com baixa capacidade de absorção e não se estudam obras de drenagem.
A pecuária extensiva, praticada na região, também teria sua parcela de responsabilidade. Seriam necessários 20 hectares, no semi-árido nordestino, para alimentar um boi. Mas, na prática, costuma-se colocar sete animais por hectare. Os animais acabam comendo as plantas antes que elas produzam sementes, o que elimina as espécies melhores, empobrece a terra e torna a cobertura vegetal escassa.
O pisoteio dos animais compacta o solo e acelera a degradação. Alguns técnicos discordam dos dados do Núcleo, alegando que o que há no Nordeste são áreas com ecossistemas frágeis que se tornarão desérticas se não tiverem manejo adequado.
Há unanimidade, no entanto, quanto aos efeitos danosos da irrigação inadequada sobre a região, salinizando os solos. O tratamento existe, mas é caro. Pode ser feito a partir da aplicação de uma solução com sulfato de cálcio. Embora sem dados que revele a dimensão do problema, as práticas de uso do solo não mudaram. As populações empregam técnicas inadequadas e degradam regiões, migram para outras e reempregam as mesmas técnicas. É um ciclo contínuo.
Confira vídeo da CEPAL sobre um estudo de desertificação no BRASIL e America Latina
A desertificação no mundo
Os dados de desertificação no mundo também são assustadores. Pelo menos 70% das terras secas são afetadas pela desertificação, o que significa 3,6 bilhões de hectares. 0 fenômeno afeta a vida de um sexto da população mundial.
Durante a Eco-92 (conferência sobre meio ambiente que a ONU realizou no Rio de Janeiro), acertou-se que os países fariam uma convenção internacional sobre desertificação. Um dos nós do acordo é a discussão em torno de recursos financeiros. Os países pobres querem novos financiamentos para enfrentar a degradação de suas terras. Os países ricos não concordam.
É a diminuição da capacidade produtiva do solo por ação do homem e do clima. As áreas mais afetadas no mundo são o sul da África e as áreas próximas ao deserto do Saara e no Brasil temos desertificação nos Pampas Gaúchos e no cerrado em Tocantins.
Apesar do processo de desertificação ser natural, ele vem sendo acelerado pelo desmatamento, agricultura e mineração predatórias, efeito estufa e chuva ácida. No caso a agricultura predatória é um círculo vicioso, pois uma população o que tenha sua área desertificada irão procurar outras terras e cometer os mesmos erros que cometeram com a anterior. Para diminuir o avanço da desertificação são necessários medidas como o reflorestamento, a rotação de culturas e técnicas de controle de dunas de areia.
Cabe dizer que a desertificação foi o primeiro problema ambiental a ser considerado de caráter global, reconhecimento que foi formalizado na Conferência sobre Desertificação das Nações Unidas (ONU), realizada em Nairóbi em 1977. Nessa ocasião foi elaborado um mapa dos desertos, no qual a Espanha foi o único país da Europa Ocidental representado, com alto índice de desertificação em todo o sudeste espanhol. Foi então, também, quando ficou claro que as ameaças de desertificação no Brasil não se limitavam ao semi-árido do Nordeste, mas incluíam regiões férteis, tais como porções dos estados do Rio Grande do Sul e Goiás.
No caso brasileiro, uma circunstância agravante é que o desmatamento é realizado, na maioria dos casos, por meio de queimadas. Este método expõe totalmente a fragilidade do solo, deixando-o a mercê dos processos erosivos que podem levar à desertificação.
Algo precisa começa a ser feito com a máxima urgência no intuito de conter e atacar o processo de desertificação que já assola o mundo e o nosso país, senão um dia será tarde demais para chorar o leite derramado.
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17/07 e 21/08 - Mudanças Climáticas,uma nova realidades (partes 1 e 2)
04/08/10 - Lixo nas praias e no mar
13/08/10 - Malditas queimadas no Brasil
Me pergunto? EM UM mundo globalizado, onde a informação percorre toda uma rede, o que faz um jornalista afirmar que as áreas áridas e semi áridas são em GERAL REMOTAS e MUITO POBRES, OS QUE NELA VIVEM NÃO TEM ACESSO A INFORMAÇÃO E A TECNOLOGIA, AOS MERCADOS E A INFRAESTRUTURA BÁSICA...ENFIM, PREFIRO NÃO CONCLUIR... REALMENTE É MUITO TRISTE ESSA FALTA DE INFORMAÇÃO, NEM SEMPRE PODEMOS SER DETERMINSTAS A ESSE PONTO, AFINAL NEM TUDO QUE FOI AFIRMADO É UMA REALIDADE.
ResponderExcluirDesculpe Beto Lemela.