Eu tenho um amigo, muito especial, que até poderia considerar uma das pessoas mais fascinantes que já convivi. É inteligente, amadurecido - apesar de jovem, de bom caráter e dotado de bons sentimentos, porém que sofre de uma doença terrível, que em questão de segundos alterna um homem de excelentes e raras qualidades, em um monstro extremamente agressivo e sem sentimentos, irritado, impaciente e de pavio curto.
O pior e mais triste de tudo é que não reconhece ser portador desse terrível transtorno, que causa profundo sofrimento a sua família e a todos que convivem com ele.
Não consegue terminar nada que começa, já abandonou vários cursos e faculdades, tem idéias grandiosas e se valoriza demais. Por ser extremamente irritado e de pavio curto, já perdeu vários amigos e até relações amorosas.
O TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR, antigamente denominado de psicose maníaco-depressiva, é caracterizado por oscilações ou mudanças cíclicas de humor. Estas mudanças vão desde oscilações normais, como nos estados de alegria e tristeza, até mudanças patológicas acentuadas e diferentes do normal, como episódios de MANIA, HIPOMANIA, DEPRESSÃO e MISTOS. É uma doença de grande impacto na vida do paciente, de sua família e sociedade, causando prejuízos freqüentemente irreparáveis em vários setores da vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico. É relativamente comum, acometendo aproximadamente 8 a cada 100 indivíduos, manifestando-se igualmente em mulheres e homens.
A base da causa para a doença bipolar do humor não é inteiramente conhecida, assim como não o é para os demais distúrbios do humor. Sabe-se que os fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos somam-se no desencadeamento da doença. Em geral, os fatores genéticos e biológicos podem determinar como o indivíduo reage aos estressores psicológicos e sociais, mantendo a normalidade ou desencadeando doença. O transtorno bipolar do humor tem uma importante característica genética, de modo que a tendência familiar à doença pode ser observada em muitos membros da mesma família, o que é confundido com falta de educação, muitas vezes.
Confira vídeo sobre TRANSTORNO BIPOLAR (PARTE 1)
Pode se iniciar na infância, geralmente com sintomas como irritabilidade intensa, impulsividade e aparentes “tempestades afetivas”. Um terço dos indivíduos manifestará a doença na adolescência e quase dois terços, até os 19 anos de idade, com muitos casos de mulheres podendo ter início entre os 45 e 50 anos. Raramente começa acima dos 50 anos, e quando isso acontece, é importante investigar outras causas. A mania (eufórica) é caracterizada por:
- Humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria exagerada e duradoura;
- Extrema irritabilidade, impaciência ou “pavio muito curto”;
- Agitação, inquietação física e mental;
- Aumento de energia, da atividade, começando muitas coisas ao mesmo tempo sem conseguir terminá-las;
- Otimismo e confiança exageradas;
- Pouca capacidade de julgamento, incapacidade de discernir;
- Crenças irreais sobre as próprias capacidades ou poderes, acreditando possuir muitos dons ou poderes especiais;
- Idéias grandiosas;
- Não aceita ser contrariado em hipótese alguma;
- Por ser um transtorno muitas vezes genético, há incompatibilidade com os próprios membros da família que sofrem do mesmo problema, chegando à aversão (exemplo: pai e filho (a), mãe e filha (o);
- É muito critico (a), porém não aceita e não enxerga critica sobre seus próprios defeitos;
- Tem dificuldade de aceitar autoridade, gerando muitas vezes disputas no ambiente de trabalho e problemas com chefes e patrões;
- Por ter o pavio muito curto, perde sempre o controle levando-o a ser extremamente grosseiro e desagrável;
- Também tem dificuldades em posição de chefia, não sabendo administrar conflitos com seus subordinados;
- Pensamentos acelerados, fala muito rápida, pulando de uma idéia para outra,tagarelice;
- Facilidade em se distrair, incapacidade de se concentrar;
- Comportamento inadequado, provocador, intrometido, agressivo ou de risco;
- Gastos excessivos;
- Desinibição, aumento do contato social, expansividade;
- Aumento do impulso sexual;
- Agressividade física e/ou verbal;
- Insônia e pouca necessidade de sono;
- Uso de drogas, em especial cocaína, álcool e soníferos.
- Humor melancólico, depressivo;
- Perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente interessantes;
- Sentimentos de tristeza, vazio, ou aparência chorosa/melancólica;
- Inquietação ou irritabilidade;
- Perda ou aumento de apetite/peso, mesmo sem estar de dieta;
- Excesso de sono ou incapacidade de dormir;
- Sentir-se ou estar agitado demais ou excessivamente devagar (lentidão);
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimentos de falta de esperança, culpa excessiva ou pessimismo;
- Dificuldade de concentração, de se lembrar das coisas ou de tomar decisões;
- Pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio;
- Dores ou outros sintomas corporais persistentes, não provocados por doenças ou lesões físicas.
- Sintomas depressivos e maníacos acentuados acontecendo simultaneamente;
- A pessoa pode sentir-se deprimida pela manhã e progressivamente eufórica com o passar do dia, ou vice-versa;
- Pode ainda apresentar-se agitada, acelerada e ao mesmo tempo queixar-se de angústia, desesperança e idéias de suicídio;
- Os sintomas freqüentemente incluem agitação, insônia e alterações do apetite. Nos casos mais graves, podem haver sintomas psicóticos (alucinações e delírios) e pensamentos suicidas;
Confira vídeo sobre TRANSTORNO BIPOLAR (PARTE 2)
Existem três outras formas através das quais a doença bipolar do humor pode se manifestar, além de episódios bem definidos de mania e depressão.
Uma primeira forma seria a HIPOMANIA, em que também ocorre estado de humor elevado e expansivo, eufórico, mas de forma mais suave. Um episódio hipomaníaco, ao contrário da mania, não é suficientemente grave para causar prejuízo no trabalho ou nas relações sociais, nem para exigir a hospitalização da pessoa.
Uma segunda forma de apresentação da doença bipolar do humor seria a ocorrência de episódios MISTOS, quando em um mesmo dia haveria a alternância entre depressão e mania. Em poucas horas a pessoa pode chorar, ficar triste, sentindo-se sem valor e sem esperança, e no momento seguinte estar eufórica, sentindo-se capaz de tudo, ou irritada, falante e agressiva.
A terceira forma da doença bipolar do humor seria aquela conhecida como TRANSTORNO CICLOTÍMICO, ou apenas CICLOTIMIA, em que haveria uma alteração crônica e flutuante do humor, marcada por numerosos períodos com sintomas maníacos e numerosos períodos com sintomas depressivos, que se alternariam. Tais sintomas depressivos e maníacos não seriam suficientemente graves nem ocorreriam em quantidade suficiente para se ter certeza de se tratar de depressão e de mania, respectivamente. Seria, portanto, facilmente confundida com o jeito de ser da pessoa, marcada por instabilidade do humor.
O diagnóstico da doença bipolar do humor deve ser feito por um médico psiquiátrico baseado nos sintomas do paciente. Não há exames de imagem ou laboratoriais que auxiliem o diagnóstico. A dosagem de lítio no sangue só é feita para as pessoas que usam carbonato de lítio como tratamento medicamentoso, a fim de se acompanhar a resposta ao remédio.
Confira um vídeo resumido do Dr.Edson Toledo sobre o TRANSTORNO DO HUMOR
Todas as pessoas que convivem no cotidiano com pessoas que sofrem desse transtorno, vivem uma constante tortura, de muito sofrimento e discórdia, pois não conseguem se comunicar com o doente a contento e por serem pessoas próximas, são as mais atingidas por sua irritabilidade, descontrole e grosserias, alternando esses momentos dolorosos, com outros de extrema doçura e simpatia, que confunde ainda mais as vitimas, que geralmente amam, às vezes até incondicionalmente, seus algozes.
As amizades não são duradouras, assim como os namoros e até os casamentos, porque a convivência com esses doentes, que geralmente não reconhecem serem portadores do mal, é insuportável, mesmo com a alternância dos bons momentos, pois geralmente possuem também excelentes e raras virtudes e qualidades.
É uma pena, porque apesar de uma doença crônica, que não tem cura, existe o tratamento que pode ajudar o portador a viver muito bem e conviver em harmonia e durabilidade com a sua família, amigos e colegas de trabalho, ajudando-o a superar as dificuldades de comunicação, discernimento e a conclusão de muitas coisas que começa e geralmente não termina. São geralmente pessoas boas e que com o tratamento tem uma segunda chance de sucesso na vida profissional e pessoal, que sem o reconhecimento da doença e a vontade de curar-se, além do tratamento, não vai atingir jamais, levando-o a sucessivos fracassos em todos os campos da sua vida, infelizmente.
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21/10/10 – A família brasileira e a homossexualidade
24/09/10 – Bullying, você sabe o que é?
12/07/10 – Pedofilia, um crime brutal
23/05/10 – Depressão ou tristeza, como saber?
Fontes: Wikipédia
ABC da Saúde
Beto gostaria de lhe parabenizar pela ótima postagem que fez sobre transtorno bipolar, sou portador da síndrome do pânico e apresentei alguns sintomas bipolar, e sua reportagem foi muito esclarecedora. Parabéns mesmo...
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