Está chegando o verão e com ele o velho problema que persiste atormentando a população de São Paulo e muitas outras cidades das mais diversas regiões do país – AS ENCHENTES – que afetam moradores de áreas de risco e milhares de motoristas durante os seus trajetos nas ruas e avenidas da cidade.
Embora o fenômeno conte com grande participação da natureza, as áreas urbanas são as que mais expressam as intervenções humanas no meio natural: O desmatamento, as edificações, a canalização, a mudança do curso dos rios, a poluição da atmosfera, dos cursos de água e a produção de calor geram diversos efeitos sobre os aspectos do meio ambiente e as alterações ambientais causadas pelas atividades urbanas são sentidas pela população, tais como o aumento da temperatura nas áreas centrais, o aumento de precipitação e as ENCHENTES.
Essa última conseqüência do processo de urbanização teve como causa principal a construção de casas, indústrias, vias marginais implantadas nas áreas de várzeas dos rios e proximidades e é, atualmente, um problema constante nos períodos chuvosos nos principais centros urbanos.
Confira vídeo da TV Gazeta – Lixo é uma das causas de enchentes em São Paulo
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
As enchentes são fenômenos naturais que ocorrem quando a precipitação é elevada e a vazão ultrapassa a capacidade de escoamento, ou seja, quando a chuva é intensa e constante, a quantidade de água nos rios aumenta, extravasando para as margens dos rios (áreas de várzeas). Todos os canais de escoamento possuem essa área de várzea para receber o "excesso" de água, quando ela ultrapassa os limites dos canais. Entretanto, com as interferências antrópicas (do homem), as inundações são intensificadas em vista de alterações no solo de uma bacia hidrográfica, tais como a urbanização, impermeabilização, desmatamento e o desnudamento (eliminação da vegetação).
O processo de urbanização causa mudanças no microclima das cidades. O intenso processo de desmatamento e a construção de residências, edifícios, indústrias, ocupação das áreas de várzeas e a impermeabilização do solo com asfalto acarretam no aumento de temperatura dos centros urbanos em relação às áreas periféricas (afastadas do centro) e às áreas rurais. Em algumas cidades esta diferença de temperatura pode atingir até 10°C. Além do desmatamento e da impermeabilização do solo, o consumo de combustíveis fósseis por automóveis e indústrias torna a cidade uma fonte de calor. Esse fenômeno é denominado "ilha de calor". O aumento de temperatura nos centros urbanos intensifica a evaporação; além disso, o material particulado (poluentes) em suspensão favorece a formação de núcleos de condensação na atmosfera. O resultado é o aumento da quantidade de chuvas. No entanto, as inundações não resultam apenas do aumento da quantidade de chuva, mas - e principalmente - do aumento da velocidade de escoamento superficial ocasionado pela impermeabilização do solo. Além disso, diariamente, os rios recebem uma carga de água utilizada pela população (esgoto), o que também contribui para aumentar a quantidade de água no leito dos rios.
Em condições naturais, parte da chuva fica retida nos troncos e folhas, o escoamento superficial é retido por obstáculos naturais gerando maior infiltração e retardando a chegada da água nos cursos de água. Quando a cobertura vegetal é retirada, não há resistência ao escoamento e a água atinge os rios com maior facilidade e rapidez, contribuindo também com o assoreamento dos rios, pois, sem a cobertura vegetal, os sedimentos são carregados pela água e acabam depositados no fundo dos leitos dos rios. Este fato é agravado quando há impermeabilização do solo.
Outro fator que agrava as inundações nos centros urbanos é o entupimento dos bueiros OCASIONADO PELO LIXO JOGADO NAS RUAS PELA PRÓPRIA POPULAÇÃO. Em dias de chuva, com a impossibilidade do escoamento pelos bueiros, a água concentra-se nas ruas de forma rápida, causando transtornos no trânsito e no comércio, além de atingir residências e causar todo o tipo de estragos.
Confira vídeo do Fantástico – Lixo provoca alagamento nas ruas de São Paulo
MEDIDAS CONTRA ENCHENTES
Para resolver os problemas de enchentes seria necessária quase que uma “refundação” de São Paulo. Dentre as principais obras previstas para minimizar o problema está o rebaixamento da calha do Rio Tietê que vem sendo feito pelo governo do Estado. A região Metropolitana de São Paulo está localizada na Bacia do Alto Tietê: Toda água das chuvas e todos os seus rios correm para o Tietê.
Para se ter uma idéia dos problemas causados pela impermeabilização temos que em 1929, numa ocorrência de grandes chuvas, a vazão do Tietê na altura da ponte do Limão foi de 318m³/s. Hoje, o projeto de aprofundamento do leito do Tietê pretende aumentar essa capacidade de vazão para 1.400 m³/s e mesmo assim o rio não teria capacidade para escoar um índice de chuvas igual ao de 1929.
Outra medida importante para controlar as enchentes é a construção de piscinões, em terrenos ainda vagos localizados nas cabeceiras dos principais afluentes do Tietê. Os piscinões são reservatórios de acumulação temporária das águas das chuvas, que retardam sua chegada nos rios principais. A Prefeitura de São Paulo já construiu seis piscinões.
Confira vídeo da TV Record – Marginal Tietê, o rio
Finalmente, existem muitas questões ligadas à micro-drenagem que devem ser tratadas. Dentre elas, o não lançamento de esgotos e lixo nos rios e nas galerias de águas pluviais, a limpeza dos bueiros e a manutenção das galerias. Também em projetos de reurbanização ou na abertura de novos loteamentos, deveria se garantir a recuperação das áreas permeáveis e a preservação das várzeas como áreas verdes.
O Governo do Estado vem há décadas investindo em medidas paliativas, sem grande impacto na solução deste grave problema que assola e flagela grande parte da população de São Paulo, principalmente os mais humildes que vivem em regiões de risco e, que muitas vezes, sofrem com as enchentes todos os anos.
E, por outro lado, a própria população atingida pelas enchentes, muitas vezes é a responsável por parte desse fenômeno ao jogar lixo nas ruas, além de muitos outros que não possuem qualquer tipo de conscientização e educação, infelizmente.
Vamos torcer pelo novo governo tomar coragem e atacar com mais coragem e rapidez os problemas de enchentes, com as medidas necessárias, pois com as mudanças climáticas, a previsão para o verão de 2011 não são muito boas, lamentavelmente.
Se você gostou dessa postagem, leia também:
14/06/10 - Brasileiros vivendo no Exterior
14/09/10 - Tempo seco prejudica a saúde da população
Fontes: http://atlasambiental.prefeitura.sp.gov.br/pagina.php?id=26
http://conhecimentopratico.uol.com.br/geografia/mapas-demografia/25/artigo134975-1.asp
Não creio que o novo governo estadual eleito fará algo diferente do que fizeram nos últimos dezesseis anos. Colocar nova pista na marginal, valorizando o transporte de automóveis, vai contra qualquer lógica "Verde". Além disso, é evidente que a prefeitura de S.Paulo deixa a desejar em relação a limpeza urbana, especialmente os bueiros. É verdade que a impermeabilização do solo não começou agora. Porém, não existe nenhuma campanha institucional tentando reverter tal situação. Falam das "maravilhas" que fizeram, fazem e farão em relação à saúde, educação ,transporte, saneamento, etc. Mas a realidade é bem outra. No segundo turno da eleição presidencial,O PSDB/DEM viraram "Verdes"... só se forem "Marcianos"!
ResponderExcluirAbraços,
Michel Scheir.